Projeto visa resgatar conhecimentos tradicionais indígenas na criação e manejo de abelhas nativas sem ferrão
Parceria entre SDR e Emater realizou entrega de equipamentos para meliponicultura em São Valério do Sul e São Miguel das Missões
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A equipe da Divisão de Quilombolas e Indígenas do Departamento de Desenvolvimento Agrário, Pesqueiro, Aquícola, Indígena e Quilombolas da Secretaria de Desenvolvimento Rural (DQI/DDAPA/SDR) realizou, na quarta (4) e quinta-feira (5), a entrega de equipamentos para a implementação de meliponicultura (manejo de abelhas nativas sem ferrão) em aldeias indígenas. A entrega ocorreu na Terra Indígena Kaingang Inhacorá, localizada no município de São Valério do Sul, e na Aldeia Mbyá-Guarani Ko’enju, localizada em São Miguel das Missões. O objetivo da ação é resgatar e fortalecer os saberes indígenas no desenvolvimento dessa atividade tradicional.
O projeto-piloto tem o intuito de criar um ambiente adequado para a captura, criação e o manejo de abelhas nativas sem ferrão (ASF), permitindo assim que as aldeias se tornem ou se qualifiquem como locais de multiplicação e conservação das populações de abelhas, melhorando o ambiente através da prestação de serviços ambientais e ecossistêmicos, assim como atendendo as demandas das famílias indígenas aos múltiplos usos dos produtos e subprodutos das abelhas nativas, de acordo com as especificidades culturais.
As estratégias para viabilizar a criação de abelhas serão pautadas no diálogo entre o conhecimento técnico e o indígena, a fim de incentivar o resgate, a valorização e a manutenção de práticas tradicionais de produção, com base no uso sustentável dos recursos naturais, assim como promover a restauração e a conservação da biodiversidade ambiental.
Nesta etapa piloto do projeto, foram entregues 20 kits de meliponicultora, contendo caixas com enxame de abelhas Jataí e materiais para a instalação, sendo 10 para a etnia Kaingang e 10 para a etnia Guarani. A aquisição dos insumos e a entrega ficou a cargo da SDR, enquanto as orientações e o acompanhamento ficarão a cargo da Emater/RS-Ascar.
Para a analista agropecuária e florestal, Diocela de Andrade Gonçalves, do DDAPA/SDR, o projeto trará benefícios não somente aos indígenas, como também ao meio ambiente.
“Os indígenas utilizam o mel em seus rituais, assim é um elemento importantíssimo para a manutenção de sua cultura” afirma. “Além disso, também são elementos relevantes para os indígenas os subprodutos da produção de mel como a cera e a própolis”, sustenta a analista.
No contexto ambiental, o projeto contribui no combate à extinção das populações dos diferentes gêneros e suas espécies de abelhas nativas. Segundo Diocela, o declínio das populações de abelhas nativas, como Melipona marginata obscurior (Manduri), Melipona bicolor schencki (Guaraipo), Melipona quadrifasciata (Mandaçaia) e Plebeia wittmanni (Mirim mosquito), que estão em risco de extinção no RS, é visto com preocupação por especialistas. "A falta da atividade polinizadora em paisagens nativas e agrícolas também é motivo de atenção. A implantação e a continuidade do projeto revelam-se fundamentais tendo em vista sua importância para os beneficiários e o meio ambiente”, conclui Diocela.
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